Noticia: EP confirma viaduto sobre Sete Fontes

>> terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Estradas de Portugal (EP) vai avançar com a variante ao novo hospital de Braga com o viaduto sobre o complexo setecentista. A Câmara é contra e a Junta de S. Vítor reprova a desorganização na preservação patrimonial.

O presidente da Junta de S. Vítor, em Braga, não conseguiu sensibilizar a Estradas de Portugal, na reunião anteontem em Almada, para recuar na construção do viaduto sobre o complexo monumental das Sete Fontes, no âmbito da variante ao novo hospital. O autarca Firmino Marques lamentou que, embora o concurso público esteja por lançar, a obra "é quase irreversível, uma inevitabilidade que entristece", devido à "gritante falta de planeamento, organização e sensibilidade", sobretudo política, uma vez que houve "várias décadas" para seleccionar o canal viário.

O referido património do século XVIII inclui mães d'água, minas, galerias, condutas e já seria valorizado na era romana, noutros moldes. "Ter um viaduto aqui é o mesmo que tê-lo sobre o Mosteiro dos Jerónimos, a Torre dos Clérigos ou a Sé de Braga; desrespeita a História e descaracteriza a cidade", vincou o autarca.

Firmino Marques vai pedir audiência ao presidente da Câmara para aferir os acessos ao futuro hospital que estão a cargo do município e promover o debate público sobre a zona de protecção especial das Sete Fontes, em vias de classificação como monumento nacional.

Firmino Marques sugeriu que a chamada variante de Gualtar ou variante à EN103 devia tornear as Sete Fontes mais a Norte e a quota inferior, levando o tráfego à variante do Cávado e ao centro citadino. Isso tornaria o troço uma porta de entrada em Braga, com milhares de pessoas e ainda de utentes diários do novo hospital, que será a unidade de saúde de referência para o Minho, logo "não pode haver qualquer problema" nas suas acessibilidades.

A nova variante deve "desaguar" no designado nó do Feira Nova, já de si congestionado mas que será reformulado. De qualquer modo, a intenção de a Câmara criar o grande parque monumental das Sete Fontes, repetida nos últimos cinco anos, fica prejudicada pelo perfil do traçado. Aquele complexo de engenharia hidráulica, construído a mando do arcebispo D. José de Bragança, abasteceu Braga até 1913, com água vinda do rio Cávado para os reservatórios de Guadalupe. Ainda há casas, fontanários e chafarizes onde a água das sete fontes chega. Parte do espólio à superfície foi vandalizada, mas associações e investigadores locais têm conseguido preservar e divulgar o espaço.


Jornal de Noticias, Nuno Passos, 08/11/09

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