Noticia: Sabugal Muralha Medieval encontrada no interior de um palheiro

>> sábado, 30 de janeiro de 2010

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 As escavações arqueológicas que estão a ser realizadas num palheiro da Rua D. Dinis, no Centro Histórico do Sabugal, no âmbito de um projecto de recuperação do edifício, revelaram novos achados relacionados com o passado daquela cidade.
Na sondagem que foi aberta durante as escavações realizadas pelos arqueólogos do Gabinete de Arqueologia Municipal, Marcos Osório e Paulo Pernadas, foram detectados os alicerces da muralha medieval, destruída pela construção do imóvel. “Colocaram-se à vista 6 fiadas de silhares aparelhados de granito, até 2 metros de profundidade” e no lado de fora do edifício ainda são visíveis os blocos de granito da face exterior da muralha em cerca de 3 metros de altura, contou o arqueólogo Marcos Osório ao Jornal A Guarda.
De acordo com o arqueólogo, nos níveis de enchimento e entulhamento das fundações deste troço da muralha, foram recolhidos diversos materiais cerâmicos e líticos que, “mais uma vez, comprovam a ocupação deste relevo recuada ao I milénio a.C.”. Mós manuais de vaivém, pesos de rede de pesca e cerâmica manual encontram-se entre os achados, disse.
“A muralha é conhecida em vários pontos do aglomerado histórico e em outros sítios está sob as casas, foi destruída. Agora, o que estas escavações permitem é confirmar a sua passagem, saber que a muralha ainda está intacta ao nível dos alicerces, eventualmente perceber se haveria mais portas e torreões ou não”, disse o arqueólogo.
Salientou que, durante as escavações em curso, “o mais importante é mesmo estudar as camadas de terra da vala de fundação da muralha, porque nesses extractos é que se encontram restos do povoamento local anteriores à construção da muralha”, recordando que durante escavações feitas no logradouro do edifico da Câmara, no actual Museu Lapidário, numa intervenção ao nível da muralha medieval, foram detectados níveis arqueológicos recuados à Idade do Ferro (Século 5º a.C.) e do Período do Calcolítico (3º Milénio a.C.) e foi ali encontrado um fragmento de cerâmica que deu origem ao actual logótipo do Museu Municipal.
O proprietário do imóvel que está a ser recuperado já tomou conhecimento da descoberta, os projectistas já se debruçaram, sobre a situação e, por aquilo que apurou o Jornal A Guarda “está-se a considerar, ou não, a hipótese de integrar o pano de muralhas no projecto”. Sabendo-se que o edifício irá ter um destino turístico (turismo de habitação) “acaba por ser uma eventual mais valia na riqueza arquitectónica do imóvel”, admitiu a mesma fonte.
As escavações ainda estão a decorrer, adiantando o arqueólogo da Câmara do Sabugal que “mais para a frente, prevemos fazer uma nova sondagem no logradouro do imóvel, onde passa a muralha, para voltar a ver os alicerces e as camadas da vala de fundação”.
Em 2010, o Gabinete de Arqueologia previu não só fazer este acompanhamento como abrir pequenas sondagens nas casas que vão ser recuperadas para “dessa forma, obter um diagnóstico, uma radiografia de todo o cabeço e de todo o relevo onde há obra”, indicou Marcos Osório, coordenador daquele serviço municipal.
Ainda por aquilo que foi apurado, estão projectadas intervenções em edifícios localizados no Largo de Alcanizes, na Rua de Aljubarrota, na Rua do Santo Condestável e no Largo do Castelo.
Refira-se que o Município do Sabugal tem disponibilizado o Gabinete de Arqueologia para efectuar todos os acompanhamentos arqueológicos exigidos pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, de acordo com a legislação em vigor.

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