Noticia: Os Lusíadas, como se restaura uma obra-prima?

>> terça-feira, 23 de março de 2010

A primeira edição de "Os Lusíadas", com 438 anos, é apresentada ao público amanhã em Lisboa

O livro foi todo desmanchado, as folhas passaram por água morna e a capa foi mergulhada em leite. Parece o plano perfeito para assassinar um livro, mas tratou--se do restauro completo de um dos poucos exemplares da primeira tiragem de "Os Lusíadas", feita em 1572 - há 438 anos. Está avaliado em cerca de um milhão de euros e pertence ao Ateneu Comercial do Porto desde 1910. Designa-se por "edição princeps", por ter sido a primeira.

Até há um ano estava em muito mau estado, com pó, humidade e parasitas. O ateneu pediu às oficinas da Fundação Ricardo Espírito Santo Silva (FRESS), em Lisboa, especializadas em métodos artesanais de conservação e restauro, que salvassem a obra. "Aceitar este trabalho era uma questão de responsabilidade perante uma peça emblemática da nossa literatura e de comprovação externa da nossa capacidade", comenta Luís Calado, presidente da FRESS. Nem o Ateneu nem a FRESS quiseram adiantar ao i quanto custou o restauro. "Na ordem dos milhares de euros", dizem. Ainda assim, segundo Luís Calado, "face à dimensão e importância da obra, o custo não foi exorbitante".

Já que se ia fazer o restauro, as duas entidades aproveitaram para produzir uma edição fac-similada de 500 exemplares numerados, pensada para coleccionadores. Com capa de pele e acabamentos de folha de ouro. Desses, 450 estão a ser vendidos por 720 euros cada no Ateneu Comercial do Porto. Os restantes 50 ficaram com a FRESS e têm um preço de 760 euros. Vão ser apresentados ao público esta quarta-feira, às 18h30, na sede da fundação (Largo das Portas do Sol, Lisboa). A sessão conta com a presença de Artur Anselmo, catedrático de Literatura Portuguesa da Universidade Nova de Lisboa. O actor Diogo Dória vai declamar excertos da obra. 

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