Noticia: Vila de Darque escava até ao Paleolítico

>> domingo, 21 de março de 2010

As obras de construção dos acessos da A28 à zona histórica de Darque, em Viana do Castelo, tropeçaram em sítio arqueológico da pré-história, com cerca de 80 mil anos.
Descoberta, no passado mês de Outubro, viria, então, a ser uma oficina de talhe do Paleolítico - local onde os homens da pré-história fabricavam os seus utensílios -, assim como vestígios do que terá sido uma antiga cabana.
Segundo a arqueóloga que conduziu os trabalhos, Andreia Silva, tratar-se-á da primeira referência do Paleolítico a surgir na margem Sul do concelho vianense, excepção feita a "achados isolados", há muito descobertos junto à foz do rio Neiva.
Três mil peças encontradas
"Trata-se de estação arqueológica inédita, que se apresenta como uma autêntica "fábrica" pré-histórica de produção de objectos", assinala a responsável, dando conta que, no local, situado no lugar de Bouças, foram recolhidas, durante a campanha arqueológica, cerca de três mil peças, entre as quais se contam duas pontas de seta (inacabadas).
De acordo com Andreia Silva, a esmagadora maioria das peças foi concebida a partir de quartzo e quartzito, matérias-primas abundantes na zona, tendo sido, também, encontrados alguns objectos em sílex. "São, na sua maioria, seixos talhados e lascas, objectos inacabados", refere a arqueóloga, asseverando que, no local, foram encontrados buracos de poste, "tudo apontando para que constituam vestígios de uma antiga estrutura que estaria associada à oficina, muito possivelmente uma cabana".
Descoberta durante as obras de construção do "nó" de Mazarefes da A28 a Darque, em Outubro passado, a estação das Bouças (nome pelo qual é, agora, conhecida) viria a ser alvo de escavações durante os dois meses seguintes, tendo os trabalhos contado com uma equipa de quatro arqueólogos. As escavações foram, também, participadas por geólogos, refere. "Houve quem dissesse que seria ali a margem do rio. Outros apontaram para a existência, no local, de uma praia, em tempos idos, mas não se conseguiu chegar a um consenso", observa Andreia Silva. Segundo a responsável, o sítio tem despertado o interesse "de um elevado número de investigadores, uma vez que não se conhecem estações semelhantes no Norte de Portugal".
Os dados recolhidos durante as escavações serão, agora, organizados e estudados no âmbito de projecto académico que Andreia Silva pretende levar a efeito.

http://jn.sapo.pt 

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