Noticia: Biblioteca Nacional cria colecção documental de Herculano

>> quarta-feira, 25 de agosto de 2010


“Esta decisão - que também se reveste de carácter simbólico – permite concentrar numa mesma colecção a maioria da documentação esparsa que a BNP foi adquirindo ao longo de mais de um século e que se encontrava dispersa por diversas colecções da Divisão de Reservados”, explicou à Lusa o director da Biblioteca, Jorge Couto.
A Colecção de Alexandre Herculano reúne 36 documentos, incluindo as aquisições recentes de 2008 e 2009, e os que se encontravam no ACPC, e 23 outros da Área de Manuscritos.
Os 23 manuscritos avulsos, quase todos autógrafos, são correspondência, documentos particulares e relativos às funções que exerceu como director da Biblioteca Real das Necessidades e da Ajuda, disse a mesma fonte.
Na área epistolar, há várias cartas trocadas entre Herculano e personalidades como Silva Leal, Francisco Freire de Carvalho, Rodrigo José de Lima Felner, Rodrigo Vicente de Almeida, Manuel de Portugal e Castro, Francisco Joaquim Maia, bem como a sua editora, a Casa Bertrand.
A nova colecção integra também “manuscritos literários como ‘Scenas de um ano da minha vida: poesia e meditação’ [cerca de 1832]”, acrescentou.
Há porém outra documentação do escritor e historiador que, “por razões que se prendem com o respeito pela proveniência e com a manutenção da integridade das colecções já existentes, manter-se-á nos códices factícios organizados por José António Moniz, em finais do século XIX, e no Arquivo de João José de Mendonça Cortez”, segundo nota da BNP.
Mendonça Cortez (1836-1912) foi político, historiador e colaborou com Herculano na “História da origem e estabelecimento da Inquisição em Portugal”.
Até final do ano, a BNP apresentará um sítio na Internet dedicado ao autor de “Eurico, o presbítero”, que “reunirá não só todos os manuscritos integrados na Divisão de Reservados, independentemente das colecções a que pertençam, como documentação existente na Biblioteca da Ajuda, a obra impressa, e a iconografia existente”, adiantou o responsável.
 A exposição que a Biblioteca Nacional preparava para assinalar o bicentenário do nascimento do historiador Alexandre Herculano foi adiada para 2011, noticiou a Lusa.
A exposição comemorativa sobre o autor de "lendas e narrativas” deveria ter sido já inaugurada mas "a morte inesperada de José Saramago impôs-se a ela", já que está patente até Setembro nos espaços da Biblioteca Nacional uma mostra evocativa do Nobel da Literatura, explicou Jorge Couto.
A partir de Setembro estará também exposta uma exposição sobre os mais antigos jornais republicanos, pelo que a mostra dedicada a Alexandre Herculano, que inclui correspondência e manuscritos, foi adiada para 2011.
"Já em 1910, as comemorações do centenário do nascimento de Alexandre Herculano tinham sido prejudicadas por causa da luta política que estava no auge", recordou Jorge Couto.
Os duzentos anos do nascimento do historiador e escritor têm sido recordados desde Março com várias iniciativas, incluindo a colocação de uma coroa de flores junto do seu túmulo no Mosteiro dos Jerónimos.
Alexandre Herculano nasceu em Lisboa a 28 de Março de 1810, tendo falecido na sua quinta de Vale de Lobo, na Azóia de Baixo (Santarém), a 13 de Setembro de 1877.
Publicou vários títulos em diferentes domínios como a poesia, teatro, romance histórico e ensaio histórico.
É autor de uma História de Portugal, desde as origens até ao reinado de D. Afonso III, e de "História das origens e estabelecimento da Inquisição em Portugal", além da edição de um conjunto de documentos, a "Portugaliae Monumenta Historica".
Herculano foi presidente da Câmara Municipal de Belém (1854-1855), e, juntamente com Almeida Garrett e Rodrigo da Fonseca, fundou em 1846 o Grémio Literário.


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