Noticia: Lagos cria museus para homenagear o Infante

>> quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

 Autarquia e Exército já se reuniram para estabelecer as bases de um acordo de cooperação para que Mercado de Escravos e Armazém Regimental sejam transformados a tempo do 550.º aniversário da morte do infante D. Henrique, em 2010
O Mercado de Escravos e o Armazém Regimental, em Lagos, edifícios dos séculos XVI e XVII, respectivamente, propriedade do Exército e os quais funcionam há anos como galerias de exposições temporárias de pintura e artes plásticas, além de venda de artesanato por iniciativa de particulares, vão ser transformados, em 2010, em núcleos museológicos dedicados à escravatura e à história militar nesta cidade, no âmbito das comemorações do 550º. aniversário da morte do infante D. Henrique, que se assinalará no dia 13 de Novembro de 2010.
A ideia, há muito em estudo por parte da Câmara Municipal de Lagos, passa por tomar agora a posse daqueles dois imóveis situados na Praça do Infante para utilização por um período de dez, vinte ou 50 anos mediante um protocolo com o Estado. Nesse sentido, o presidente da Câmara Municipal de Lagos, Júlio Barroso, e o chefe do Estado-Maior do Exército, general José Luís Pinto Ramalho, reuniram-se, em Lisboa, para estabelecer, provavelmente até final do ano, as bases de um acordo de cooperação. Falta agora o preto no branco.
"O objectivo é envolver o Exército neste projecto museológico do Mercado de Escravos e do Armazém Regimental com elementos que possua ao nível de material nessa área e a nível cultural", disse ao DN o autarca lacobrigense. Os dois edifícios, onde poderão vir a ser exibidos filmes e feitas pequenas recreações históricas, deverão estar sujeitos a pequenas obras de remodelação com equipamentos amovíveis.
Com a futura transformação do Mercado de Escravos em núcleo museológico, cai assim por terra a pretensão do Exército em instalar naquele espaço um núcleo de recrutamento militar, ideia que colheu de surpresa há meses a autarquia.
Porém, a reacção não se fez esperar. "Reagimos ao chamar a atenção de que tal não se justificava, tendo confrontado as autoridades com o grande investimento de renovação urbana em curso na zona, no âmbito do Programa Polis, e no facto de aquele ser o edifício mais procurado pelos turistas nesta cidade, que o identificam como mantendo uma relação muito profunda da História de Portugal com a da Humanidade por Lagos ter sido o primeiro destino europeu a receber escravos africanos", referiu Júlio Barroso.
Em alternativa ao referido imóvel, de construção renascentista e constituído por rés-do-chão e primeiro andar, onde neste piso funcionou a alfândega, a Câmara Municipal de Lagos sugeriu ao Exército para instalar o núcleo de recrutamento militar pretendido o edifício da Janela Manuelina, junto ao Armazém Regimental, nas imediações da Igreja de Santa Maria, e um outro, no centro da cidade, onde se situava a antiga Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian por cima do posto de turismo municipal.
Os responsáveis militares, através das áreas dos Recursos Humanos, das Infra-Estruturas do Exército e da Cultura e História Militar, acabaram por se mostrar receptivos à ideia.
As comemorações dos 550 anos da morte do Infante D. Henrique, a que as câmaras de Lagos, Vila do Bispo e Aljezur, promotoras do evento, pretendem transmitir uma "dimensão nacional", atingirão o seu ponto principal de 11 a 14 de Novembro de 2010. Além do município da Batalha, em cujo Mosteiro se encontra sepultada a figura ligada à epopeia dos descobrimentos marítimos, o programa poderá contar com a participação da Câmara do Porto, cidade onde nasceu o infante D. Henrique, em 1394. A sua morte ocorreu em Sagres, a 13 de Novembro de 1460.
O programa das comemorações deve ficar concluído até final deste ano e incluirá, entre outras iniciativas, envolvendo associações, clubes e escolas, conferências e colóquios sobre a personalidade do infante D. Henrique com a participação nomeadamente dos professores Roberto Carneiro, da Universidade Católica, e João Paulo Costa, da Universidade Nova.
Por outro lado, foi contratado o maestro Armando Mota com vista a uma peça sinfónica que terá o nome de Suite das Descobertas.
http://dn.sapo.pt

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