Noticia: Museu multipolar narra mil anos da história de Coimbra

>> segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Coimbra está a criar um museu municipal, distribuído por meia dúzia de pólos, que dentro de uma década reconstituirá a história da cidade desde o período medieval até à segunda metade do século XX

Três núcleos - da Cidade Muralhada, da Casa das Talhas e do Carro Eléctrico completarão a narrativa de transformações políticas e sociais naquele período.
A eles se juntam mais três complementares, sobre a presença dos judeus na cidade, a história da guitarra e da canção de Coimbra e o do Edifício Chiado, com a colecção de arte doada pelo casal Tello de Morais.

«O Museu Municipal de Coimbra foi criado como um projecto poli-nuclear e de concretização faseada. Tem uma perspectiva de estudo e divulgação sobretudo da história da cidade», declarou á agência Lusa a sua directora, Berta Duarte.
A colecção de arte Tello de Morais, essencialmente composta por pintura portuguesa moderna, deu início em 2001 ao Museu Municipal de Coimbra, com a abertura ao público de um pólo alojado num edifício que há precisamente um século acolheu a filial dos Grandes Armazéns do Chiado.
Em 2003 abriu ao público o Núcleo da Cidade Muralhada, instalado na Torre de Almedina, e que exibe aos visitantes, através de documentos, gravuras e meios multimédia, o sistema defensivo da cidade. É o pólo dedicado à Idade Média.
A parte nuclear do projecto completa-se com o pólo na Casa das Talhas, que abrangerá os séculos XV a XVIII, e com o Núcleo do Carro Eléctrico, de finais do século XVIII até à segunda metade do século XX.
Na Casa das Talhas, na antiga Rua das Fangas, decorrem trabalhos de arqueologia, para conhecer a sua história e se poder incorporar no projecto museológico os achados. Já se descobriram em duas caves troços da muralha medieval, que lhe serve de alicerce, e sabe-se que no século XVI aí se alojou provisoriamente a Ordem de S. José dos Marianos. É uma rua simbólica da Época Moderna.
Com a instalação definitiva da Universidade, em 1537, a Rua das Fangas (actual Rua Fernandes Tomás) conhece uma vida intensa. Serve de residência a estudantes e aí abrem as primeiras livrarias, algumas até de livreiros franceses.
O Núcleo do Carro Eléctrico é pretexto para narrar uma nova fase da vida da cidade.
Com a revolução liberal e a extinção das ordens religiosas a urbe cresce para zonas periféricas, é elaborado o primeiro plano de urbanização e a vereação cria a rede de tracção eléctrica, em 1911 e que funciona até à década de 80 do século XX.
Nesse espaço, além de uma exposição documental, serão exibidos sete carros que circularam naquele tempo pela cidade, um deles ainda de tracção animal em carris, que transportou pessoas e mercadorias da baixa até à zona universitária.
Complementarmente estão previstos os núcleos sobre a história dos judeus e da guitarra e canção de Coimbra.
O primeiro está pensado para um imóvel, ainda na posse de um privado, onde foi descoberta a 'Porta Nova' da muralha, localizado na Judiaria Velha (Rua Corpo de Deus), de onde partirá um roteiro a remeter para a Judiaria Nova (zona da Rua Direita), a fonte e o cemitério dos judeus, terminando no edifício da Inquisição.
A Torre de Anto, ou Torre do Prior do Ameal, onde o poeta António Nobre escreveu nos tempos de estudante, acolherá o Núcleo da História da Guitarra.
Berta Duarte admite ser possível concluir ter concluído o projecto do museu dentro de oito a dez anos, se for disponibilizado o financiamento necessário.

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